Maragogipinho: Reduto de Barros e Estrelas
Menina, você acredita que o tal distrito de Maragogipinho, em Aratuípe, tá na boca do mundo? Ganhou o carimbo chique da Unesco! Pois é, minha filha, lá é o lugar dos barrozeiros, a elite da cerâmica artesanal da América Latina. Mas, deixa eu lhe contar, nem sempre foi assim, viu?
Quem tem história pra contar é o tal do Edinaldo Araújo, ou melhor, Buiá, pra quem é chegado. O senhorzinho, com seus 73 anos, já moldava barro desde menino, lá em Nazaré das Farinhas. Só que ele só fez foi meter o pé na estrada pra Salvador atrás de oportunidade, pense.
Essa criatura agora tá é em Areias, Camaçari, mantendo a tradição viva no quintal de casa. O homem tem quatro filhos, e todos aprenderam a mexer no barro. Até parece que o tal DNA do barro corre na veia dessa família, viu?
Buiá, conta que os pais dele já eram dos trabalhos com cerâmica. E o menino ficava lá, no meio da bagunça do barro, enquanto o pai ralava no torno. Quem nunca, não é mesmo?
E pense que ele começou cedo nas olarias! Com 12 anos já tava no batente, meu bem, tudo por conta do pai que deu sumiço pra Salvador. É como se diz por aqui: filho de peixe, peixinho é. E não é que o bichinho virou mestre?
O homem forjava o barro mais por necessidade do que por escolha. Pensa num trabalho pesado, mas mal remunerado. Pra dar um gostinho, ele ficava depois do expediente treinando no torno enquanto os outros almoçavam. Tinha que ser ligeiro, né?
E foi ali que o bicho pegou o jeito. Rapaz, dizem que ele ficou famoso na região! A inveja alheia só não pode ver sucesso. Tinham uns colegas que compravam as peças dele só pra copiar. E aí, teve que pegar o beco.
E hoje, ele ainda celebra a fama de Maragogipinho, mas não quer nem saber voltar pro interior. O homem tá focado em tocar a vida em Camaçari e ainda tem planos de ensinar a arte pra comunidade. Olha ele!
Mas, não vá pensando que é fácil. O homem tem que dar nó em pingo d’água pra manter tudo funcionando. Diz que precisa de máquina, de apoio, de tudo um pouco. Só miséria, viu?
Com mais de meio século nesse mundo de barro, Buiá não larga o osso. Pra ele, o barro é mais que trabalho, é vida. Até compara com a origem da humanidade. Quem é Deus? O grande oleiro! Edinaldo não tá errado, né, minha gente?
E ele deixa claro: enquanto tiver fôlego, tá por aí moldando história. Se a argila é memória, Edinaldo é o contador delas. E encerra dizendo que nada na vida forçado presta. Viu, minha gente, é lição de mestre!
Fica aí a saga de Edinaldo Araújo, o Buiá, que faz o barro virar tradição nas mãos dele. Ou não é?





